Por Vinícius Vieira
A banda Genomma, formada na cidade de Jundiaí (SP), por Felipe Schadt (vocais), Jeckson Fernandes (guitarra) e Thiago Foratori (baixo), chegou no mês de março de 2021 trazendo muitas novidades. A primeira delas foi a estreia de uma nova integrante, a paulistana Fabi Bracco que assume a bateria da banda no lugar de Bruno Camargo, que estava com o grupo desde 2019. E a segunda novidade fica por conta do lançamento do podcast Muito Além dos Muros de Jornais, que disseca em cada episódio, faixa a faixa do disco Além dos Muros de Jornais lançado pela banda também no ano de 2019.
A entrada de Fabi Bracco na banda surgiu por intermédio do vocalista Felipe Schadt e pelo amor de ambos por um certo grupo irlandês: “A Fabi foi um presente do U2 pra gente. Eu a conheci em um dos shows da banda no Brasil, em 2017. Trocamos redes sociais e mantivemos um contato mínimo. Quando surgiu a necessidade de procurar alguém para tocar bateria, eu lembrei dela”.
O amor de Fabi pela bateria surgiu aos 12 anos de idade e, segundo ela, aprendeu de forma autodidata, ouvindo os discos do pai: “Eu pegava os CDs de rock do meu pai e aí começava a batucar nas coisas de casa. Naquele tempo tudo era batera, o sofá, a cadeira, acabei com tanto estofado batucando”. Aos 14 anos, a família se mudou para a cidade de São Roque, no interior paulista, e foi nesse momento que Fabi começou a ter aulas de bateria no conservatório e ganhou a sua primeira bateria, com a ajuda de toda a família. De volta a São Paulo, Fabi começou a sua trajetória com bandas: “Eu tocava com uma amiga da escola que era guitarrista, essa foi minha primeira experiência de tentativa de banda, depois tive um power trio chamado Hoffmans, isso já com uns 22 anos”. No ano de 2015, Fabi entrou na banda Radiometria, muito conhecida no circuito de bandas covers de rock bar: “O Radiometria me lançou pra noite Paulista, tocando em barzinhos, e estou nela até hoje”.
Felipe Schadt ainda tem salva a mensagem que mandou para Fabi Bracco no direct do Instagram:
“Tenho uma banda (@genomma_rock) e estamos em busca de bateristas. Sei que vc é uma baterista e, se gosta de U2, tem o mesmo estilo das músicas da minha banda. Pergunta: tem interesse em fazer um teste pra tocar com a gente?”
Logo no primeiro ensaio, a química já estava formada, conforme relembra Felipe: “Em dado momento do ensaio, na música Átomos no Vazio, eu fechei os olhos e só ouvi. Foi incrível como a música estava soando natural. Por um momento eu esqueci que estávamos fazendo um teste com alguém que nunca havia tocado com a gente antes”. Aliás, a canção citada também é umas das preferidas de Fabi no repertório da banda: “Átomos no Vazio e Muros de Jornais brigam pelo meu number one pessoal, pela mensagem que elas trazem e o som te teletransporta. É bom demais”.
Fabi Bracco entra na Genomma substituindo Bruno Camargo, que deixou o grupo em setembro de 2020, para se dedicar integralmente à família, já que naquele momento ele havia acabado de se tornar pai. Deixar uma banda para se dedicar a projetos pessoais é algo muito comum no cenário independente, considerando que a possibilidade de viver de música nesse meio é muito difícil: “A gente tenta colocar a banda em uma posição privilegiada nas nossas vidas, mas a gente sabe o quão é complicado tratá-la como prioridade. Mas já estamos nisso há mais de dez anos e sempre soubemos lidar com isso. O segredo é manter esse projeto como algo divertido e não como uma obrigação, pelo menos não por enquanto”, frisa Felipe.
Agora com Fabi Bracco integrada na banda, a Genomma já começa a trabalhar em um material inédito: “Estamos finalizando as gravações do nosso novo álbum que, se tudo der certo, lançaremos no segundo semestre”, revela Felipe Schadt. Já a baterista revela a sua participação no processo de criação do novo disco: “Eu gosto muito dessa parte criativa. É um desafio, mas é nessa parte que transformamos pensamentos, sentimentos, ideais e tantas outras coisas em um som verdadeiro. E a batera é a arte de fazer o coração bater mais forte, esse é o meu trabalho na banda”.
Ser baterista de um som majoritariamente feito por homens e ser a única integrante mulher de uma banda de rock, são desafios corriqueiros na vida de Fabi Bracco, entretanto a representatividade feminina no rock é sempre dolorida quando ela vem marcada por preconceitos: “A pior coisa de tudo é a 'desconfiança' na sua competência. Você chama atenção por ser mulher, mas na real os caras não botam muita fé na sua qualidade musical, não acreditam que você tem qualidade, te julgam mais como um rostinho bonito, mas não te levam a sério como baterista e o desafio sempre é quebrar esse pensamento, mostrar o meu som e que, sim, a mulherada bota pra quebrar no mundo da música, que no geral ainda é mais masculino”, desabafa.
A vontade de mudar o mundo, como mulher baterista de rock, vem de encontro com a filosofia da banda, que sempre se posicionou diante das problemáticas cotidianas, incentivando ao seu público a realizar boas ações também como forma de mudar o mundo: “Arte é manifestação da alma. E a nossa alma é inquieta com relação a determinados temas. Não se posicionar seria uma atitude covarde. Nós acreditamos que temos uma responsabilidade como artistas e, por isso, precisamos utilizar nossa arte como potencializadora de mudanças que queremos ver no mundo. E pra gente é muito gratificante ser lembrado como a banda que quer ‘Mudar o Mundo’”.
Foi com essa vontade de Mudar o Mundo (que justamente está marcada nos dois MMs no nome da banda) que em 2020, no início da pandemia do novo coronavírus, a Genomma liderou uma campanha de arrecadação de alimentos para a população vulnerável da cidade de Campo Limpo Paulista (SP), com o título de #FiqueBem. E foi através dessa ação social, que surgiu a ideia para um novo videoclipe: “A partir daí resolvemos produzir o vídeo para coroar essa ação. A ideia era pedir para amigos da banda enviarem uma foto ou vídeo de um trecho da música. Então, fizemos como se o vídeo fosse um passeio pelo feed do instagram da banda, em que cada postagem era parte de um quebra-cabeça que, juntos, formava a letra da música Muros de Jornais. Foi muito divertido produzir ao mesmo tempo que foi desafiador, pois precisávamos, no meio de uma pandemia, passar uma mensagem de esperança que fosse criativa o suficiente”, relembra Felipe.
Muito Além dos Muros de Jornais, o podcast da Genomma
E para celebrar a excelente fase e também para se despedir do primeiro lançamento do grupo, o disco Além dos Muros de Jornais, a Genomma lançou no dia 13 de março, o podcast Muito Além dos Muros de Jornais, para contar as histórias por trás das músicas do seu primeiro álbum. “Nós gostaríamos de finalizar o Além dos Muros de Jornais, para dar espaço para um novo trabalho que já está sendo feito e encontramos no podcast essa maneira”.
Em 11 episódios, a banda, com alguns convidados especiais, contam histórias de bastidores de cada uma das faixas do disco, além de ser uma oportunidade para os admiradores do grupo conhecerem o significado de cada composição. “São letras que flertam muito com a filosofia, algumas são histórias reais, outras são projeções e viagens que tive, mas todas elas têm uma história por trás”, conta Felipe, o principal letrista da Genomma.
O episódio O dia que a banda acabou, conta a história por trás de DNA, a música que abre o disco e que foi inspirada na maior briga que a banda já teve: “Escrevi a DNA como pedido de desculpas, pois eu fui o responsável pela briga que separou a gente por dois anos”, revela o músico.
O episódio mais recente é Saudade do que eu nunca vivi, que aborda a música Munique.
Muito Além dos Muros de Jornais tem um novo episódio a cada sábado e ele pode ser ouvido nas principais plataforma de streaming (Spotify, Deezer, Orelo, CastBox, iTunes e Google Podcast) e também no site oficial da banda.
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