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Entrevista - Mari Ragoh: “Pretendo continuar levando minha verdade nas minhas letras”

Cantora desde a adolescência, a jornalista de Bauru (SP) se descobriu compositora durante a pandemia e lançou dois singles em 2021



Por Vinícius Vieira


Foi durante a pandemia do novo coronavírus em 2020, que a jornalista nascida na cidade de Bauru (SP), Mariana Meira, decidiu se revelar para o mundo como compositora.


Cantora desde a adolescência, seja em bandas de escola ou chegando a ser vocalista de inúmeras bandas covers, interpretando clássicos que iriam de Janis Joplin a Led Zeppelin. Mariana também teve passagem na companhia de Teatro Singulari, em Jundiaí (SP), na qual atuou como cantora e atriz em peças musicais.


Mas foi ao assumir o nome artístico Mari Ragoh que, finalmente, ela se enxergou como uma artista autoral, lançando em 2021 dois singles de sua autoria: Olhos de Céu e Mapa Astral. Ambos com uma sonoridade adocicada, unindo a MPB com a música pop.


Em um bate-papo exclusivo para o Seguimos Fortes, Mari Ragoh fala do seu começo na música, de como ela se descobriu compositora, assim como também revela como gravou o seu primeiro videoclipe, de forma totalmente independente, além de adiantar planos futuros para sua promissora carreira.


Com vocês, Mari Ragoh



Muita gente te conheceu como a Mariana Meira jornalista ou até mesmo como a Mari Meira integrante da companhia de Teatro Singulari, atuando como atriz e cantora. Mas quando e como nasceu a Mari Ragoh cantora e compositora?


A Mari Ragoh cantora e compositora, que se enxerga mesmo como artista autoral, nasceu no início da pandemia, em 2020. Eu cantava desde a adolescência, em bandas de escola, e mais tarde cheguei a ser vocalista de diversas bandas, mas me via como uma intérprete apenas. Foi na experiência de isolamento social que percebi o quanto tinha ali dentro de mim precisando gritar pra algum lugar. Tinha uma verdade muito intensa no peito que precisava de um pedacinho de papel pra se materializar e desanuviar minhas angústias existenciais. Foi aí que encarei a jornada como compositora, e nunca mais parei.



Quem já acompanhava a sua carreira musical, tocando em bandas covers e performando músicas de Led Zeppelin e Janis Joplin, se surpreendeu com a carreira autoral que traz um som com elementos da música pop e da MPB. O que te inspira musicalmente nesse trabalho solo?


Essa versatilidade surpreende até a mim mesma às vezes (risos). Desde muito criança fui estimulada com música o tempo todo. Cresci numa casa onde sempre tinha um LP tocando, mais tarde CDs e, recentemente, playlists de Spotify desde a hora em que acordamos. Nesse processo, fui conhecendo muita coisa de gêneros e cantores diversos. Minha experiência no rock, no qual fiquei por anos, foi, acredito eu, uma das várias possibilidades de Mari em um palco. Me desafiava a interpretar sempre as músicas mais difíceis e agudas que podia imaginar. Mas, na hora em que peguei o violão para criar algo meu, saiu outra Mari, mais doce, inspirada pelas fontes do pop e da mpb. Hoje, para criar minhas letras e melodias, me inspiro muito em Outroeu, Rubel, Anavitória, Mariana Nolasco.



No começo de 2021 você lançou o primeiro single intitulado Olhos de Céu, que já chegou a 5.474 audições apenas no Spotify. Conte um pouco sobre a letra e o processo de criação da música.


Enquanto estava naquela experiência de isolamento social da pandemia, tive um sonho muito intenso no qual eu passava por uma cirurgia de correção de miopia e, já em casa, após o procedimento, notava que meus olhos estavam azuis e possuíam pequenas manchas brancas em formato de nuvens. Acordei completamente extasiada com aquela cena e decidi que dali sairia minha primeira música autoral, intitulada “Olhos de Céu”, e que ela seria uma metáfora sobre como eu poderia enxergar todos os dilemas que estava vivendo na época, profissional e pessoalmente, com gentileza e vislumbre de horizontes mais profundos, de que não acabava ali e não tinha limite pro que eu sonhava. Como era minha primeira experiência com composição, eu não tinha nenhuma fórmula de como fazer, de onde começar, o que colocar ali. Depois de semanas e muitos papéis rasgados, cheguei ao resultado que gostaria.



Olhos de Céu também veio com um videoclipe, que é quase um curta metragem, que foi roteirizado, dirigido e produzido por você. Como foi trabalhar neste vídeo?


Junto com a experiência da composição da letra, eu visualizava um clipe no qual também conseguisse transmitir essa experiência de sonhos, de criação de enredos para a própria vida e de capacidade de recalcular as próprias rotas. Mas eu tinha orçamento zero para pagar por um vídeo profissional. Então usei minha experiência com o telejornalismo para criar um roteiro nos mínimos detalhes, para o qual eu usasse apenas um celular e um tripé com ring light. Para cada verso da música, eu já tinha em mente que cena queria gravar. Apesar de ter dado trabalho, fazer tudo sozinha me permitiu que o clipe ficasse exatamente como eu imaginava. Para as cenas na praia, tive ajuda do meu amigo e apresentador jundiaiense Márcio Miguel, e para a edição contei com outro amigo, videomaker e editor Murilo Alves.



Em setembro de 2021 foi a vez do single Mapa Astral vir ao mundo, que conta com a parceria da poeta Thais Gattás na composição de uma estrofe. Como surgiu essa música?


Enquanto “Olhos de Céu” ia para as plataformas digitais, minha vida dava outra guinada de 360 graus com uma mudança repentina de cidade. Me mudei de Jundiaí para Campinas em pleno quadro de piora da pandemia e, de novo, me via isolada em meio a um mundo incerto, mas dessa vez totalmente sozinha, me readaptando a uma nova vida e experimentando um convívio mais intenso com meus fantasmas internos. “Mapa Astral” foi uma maneira sutil e leve que encontrei de lidar com essas bagunças internas, e ao mesmo tempo com essa minha mania de sonhar sempre alto. Para uma escorpiana legítima que sou, nada melhor do que rir com a famosa frase “não me leve a mal, é culpa do meu mapa astral” (risos). Só que, quando compus a letra, ficou uma estrofe faltando, que eu não conseguia terminar de jeito nenhum. Rolando o feed do Instagram dei de cara com um post da Thais, que é minha amiga e atende pelo pseudônimo de “Poetha”. Ali ela postava um poema que soprou na cabeça dela ao acordar de um sonho com o falecido avô, que cantava. Resolvi musicar aqueles versos e encaixou perfeitamente. Viramos parceiras musicais sem que ela soubesse, e depois, quando contei, foi uma emoção e uma honra aos nossos ancestrais que já lidavam com a arte antes da gente.



Mapa Astral entrou na trilha sonora da websérie #DoSeuLado, inclusive com um clipe que mescla imagens suas com cenas da série. Como rolou o convite?


Eu já tinha um contato próximo com o Adão Mota, um dos idealizadores do canal que deu origem à websérie, o Meu sobrenome é vida, desde antes. O projeto foi montado para produzir roteiros LGBTQIA+, que trouxessem histórias de amor e crises de ser gay em um mundo cruel. Olhos de Céu já havia sido trilha sonora da websérie anterior, a Dois Mundos, embalando cenas de beijos e desencontros dos protagonistas. E quando surgiu a Do Seu Lado, com outra trama, recebi o convite de assinar esse clipe personalizado do canal. Foi uma honra tem sido uma experiência incrível fazer parte da história de um canal que tem uma audiência gigantesca no YouTube. Muita gente que assistia aos episódios passou a ouvir minha música também, e assim criamos uma rede fantástica.



Mais quantas músicas você já tem finalizadas e podemos esperar um álbum cheio da Mari Ragoh em breve?


Tenho mais duas músicas autorais prontas, uma prevista para ser lançada ainda em fevereiro. Não vou dar spoiler, mas acho que é minha preferida até agora. Tem a mesma verdade de mim, minha essência total, mas de outra fase da minha vida. Se meus lançamentos fossem estações, essa certamente seria a primavera, em que tudo está florindo. Em breve devo começar a campanha de divulgação do pré-save e espero contar com todos para me ajudar clicando. Quanto a lançar um álbum, é um sonho que tenho para um dia, mas por enquanto, para dar voz a essas inúmeras referências que tenho pedindo para sair, vou lançar singles.



Tanto em Olhos de Céu, quanto em Mapa Astral, você contou com a participação de músicos como Gustavo Perri (guitarra, violão e baixo), Paulo Colombera (bateria), Gilmar Faustino (guitarra, violões e bandolins e Rogério Plaza (piano). Como foi a escolha de cada um deles e serão esses músicos que vão te acompanhar nas apresentações ao vivo?


Meu critério mais importante desde o início da jornada como artista autoral era encontrar músicos que entrassem na minha viagem da maionese e captassem os sentimentos que eu queria transmitir nas minhas músicas. Todas essas pessoas acabaram rodeando meu caminho na época como figuras essenciais para que eu tivesse segurança em me ver como uma artista. No entanto, moramos cada um em uma cidade, então, para futuras apresentações ao vivo, a ideia é encontrar pessoas com quem possa ter um contato mais próximo.


Com passado roqueiro, Mari Ragoh revela: "Na hora em que peguei o violão para criar algo meu, saiu outra Mari, mais doce, inspirada pelas fontes do pop e da MPB"


Falando em shows, quando melhorar a situação da covid-19, você já tem planos de apresentar o seu repertório autoral?


Sim! Pretendo montar um show especial que mescle autorais e também covers que dialoguem com minha identidade musical. Em paralelo, vou continuar produzindo singles e tenho dois projetos de música acústica, um de pop rock, que deve circular em Jundiaí, e outro de samba raiz, que vai ter shows em Campinas. Vou de 8 a 80 (risos).



Você é uma artista 100% independente, que compõe as próprias canções, dirige e produz os próprios videoclipes, distribui as músicas nas principais plataformas de streaming, além de ser responsável por toda campanha de divulgação dos singles. Quais são os principais desafios nisso tudo?


O desafio é fazer o produto final, que é a música, chegar até as pessoas em um ambiente digital muito fluido. Hoje em dia, o artista que não está vinculado a nenhuma produtora, ou seja, que atua de forma independente, precisa saber mais do que compor e cantar bem. Ele tem que ser uma “empresa” sem ser, de fato, comercial. Ter uma boa gestão de redes sociais, manter seu público conectado para que este mantenha suas canções em suas playlists diárias, ser lembrado entre seguidores, fazer boas divulgações de pré-saves e lançamentos e, acima de tudo, ter paciência com algoritmos que nem sempre favorecem. Além disso, artistas independentes têm menos chances de ter singles emplacados em playlists oficiais do Spotify, por exemplo. Mas ter conquistado milhares de plays nas minhas canções mesmo com essas dificuldades é uma vitória. O caminho é persistir e acreditar que seu trabalho é bom e merece ser ouvido.



Quais artistas e bandas independentes você gosta, acompanha e acha que todo mundo também deveria ouvir?


Serei injusta em citar só alguns em um momento em que a cultura precisa tanto de apoio. Mas, para enaltecer as cidades onde minha carreira musical começou e desenrolou, destaco aqui as cantoras Luciana Pires e Denise Amaral, de Bauru, onde nasci, e a cantora Natalia Masih, de Jundiaí, com quem inclusive tenho projetos musicais para serem lançados esse ano. De bandas, destaco aqui Resilienz, Mushgroom, NDK e Aluá, todas de Jundiaí.



E pra fechar, quais são os seus planos futuros?


Pretendo continuar levando minha verdade nas minhas letras, buscando sempre parcerias com pessoas que estejam vibrando na mesma sintonia. Quando olho para a Mari no futuro, vejo uma mulher cada vez mais conectada consigo mesma e com o mundo por meio da minha voz. Me vejo em estúdios, em palcos, em shows, em stories anunciando novidades, em tudo o que puder fazer. Eu demorei anos para me entender e reconhecer meu dom musical, e agora que o fiz, quero cumprir seja lá qual seja essa missão aqui nessa vida.



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