por Robson Assis
O Badaroska é um estúdio na zona leste de SP com uma boa bagagem no cenário musical independente. Palco de eventos voltados para bandas que buscam espaço, o estúdio conta ainda com uma parceria com o produtor musical Thiago Bezerra e a Black Phantom Films que produzem o canal Badaroska Live Sessions no YouTube , com entrevistas seguidas de músicas ao vivo, sempre trazendo bandas novas ou que já estão na estrada faz algum tempo.
Nessa entrevista, Marcelo Araújo, proprietário do Badaroska, conta pra gente como tem sido sobreviver à esta quarentena numa fase insana pra todos, especialmente pra quem trabalha com música, que basicamente funciona à base de pequenas ou grandes aglomerações. Confira abaixo essa conversa:
SF: Conta pra gente como foram os primeiros meses dessa pandemia para manter o estúdio financeiramente, já que rolou esse breque total das pessoas nas ruas.
MARCELO: Foi um pesadelo total em relação a tudo. O estúdio é um espaço alugado e quando não há movimentação de pessoas, não há movimentação de dinheiro. Conseguimos contato com o proprietário, com a imobiliária. No início, todos se mostraram prestativos quanto ao que estava acontecendo, porém conforme foram passando as semanas, a gente viu que não era bem assim. Nesse tempo, tivemos que parar as atividades totalmente. Ficamos trancafiados em casa (eu, minha esposa e minha filha) e, pra não perder o espaço, acabamos apelando para uma vaquinha virtual, pra ver se a gente conseguia pelo menos manter o estúdio por alguns meses. Como eu estava desempregado e minha esposa também, a nossa única fonte de renda era o estúdio.
SF: Muita gente aproveitou o período da quarentena para pensar em novas estratégias ou formas de lidar com essa crise. Rolou alguma reestruturação ou adaptação durante esse período no Badaroska?
MARCELO: A única readaptação que a gente fez em relação ao estúdio agora com essa reabertura foi o intervalo de uma hora entre uma banda e outra. Por exemplo, se uma banda marca das 10h ao meio-dia, então, obrigatoriamente, a próxima banda eu vou marcar das 13h em diante. Tem uma hora de intervalo: a banda vem, ensaia e sai da sala. Eu vou lá, higienizo tudo e a outra banda vem uma hora depois. A gente faz todo esse trâmite aí.
SF: Esse período de quarentena teve um boom de lives rolando por aí. Tem rolado alguma coisa em relação à lives e produções à distância feitas no estúdio?
MARCELO: Tá rolando sim tanto no estúdio quanto essas lives que são gravadas. Rolou inclusive uma transmissão ao vivo com a banda Visão de Mundo; a gente gravou também a live da Cerberus Attack que foi transmitida pela Casa de Cultura de São Mateus; gravamos também a live da banda Desacato Civil, que também foi transmitida pela Casa de Cultura; e a live d'O Grande Ogro que também foi gravada no estúdio. Então quanto a essas lives estamos produzindo sim. Tanto à distância, quanto aqui no estúdio e, claro, sempre tomando as medidas necessárias.
SF: Como vocês essas reaberturas graduais que estão rolando nos estados?
MARCELO: A reabertura gradual deveria ser feita de uma forma mais organizada, porque as pessoas acabam metendo os pés pelas mãos. Quem é empresário (o cara que mais tá sendo afetado pela pandemia), mesmo ele sendo a favor ou contra, ele não tem condições. Eu, por exemplo, não sou a favor de certos pontos de como estão sendo feitas as coisas, mas eu não tenho opção, então não tem muito o que fazer.
SF: O Badaroska já está funcionando normalmente? Como tá sendo esse primeiro movimento de reabertura?
MARCELO: Então, o estúdio está funcionando "normalmente". Estamos passando por essas mudanças que eu já mencionei anteriormente. Algumas bandas estão surgindo pra fazer live, pra voltar a ensaiar. Claro, isso com todo mundo tomando suas medidas de proteção. Então aos poucos, pelo menos aqui no estúdio as coisas estão sendo retomadas, mas claro que com o maior cuidado possível, pra que a pessoa venha e se sinta segura.
SF: Sobre os projetos para quando a quarentena acabar (seja lá quando issdo acontecer), vocês têm algo em mente? Aproveite pra deixar uma mensagem pra galera das bandas, o pessoal que ensaia com vocês, organiza shows e mais. E muito obrigado pela entrevista!
MARCELO: Tem um projeto que eu já estava começando a pensar sobre um pouco antes da quarentena, que seria realizar algumas palestras ou rodas de conversa sobre história, sobre política, enfim, algo que trouxesse informação para as pessoas.
Eu tava querendo fazer um projeto pra dar aula de bateria, de guitarra, contrabaixo, entre outros. Na verdade, eu tinha um projeto voltado pra mulheres, que seria trazer minas pra dar aula pra outras minas de forma gratuita. Eu tava querendo fazer isso. É algo que está na minha cabeça e que esse período de quarentena vai servir pra desenvolver. Pra caso o Badaroska sobreviva a todo esse pesadelo, a gente possa colocar em prática.
No mais, é isso. Espero que todo mundo se cuide na medida do possível e que a gente mantenha esse pensamento positivo de que as coisas vão melhorar. Mas também não é só manter o pensamento: tomar atitudes, ser o melhor que puder, fazer o melhor que puder, que a gente vai conseguir superar essa daí (mais essa).
Queria agradecer ao Seguimos Fortes por ter lembrado do Badaroska. Espero que a gente possa se encontrar o mais breve possível e, quem sabe, dar risada juntos e trocar ideia sobre várias coisas. Valeu aí, é nois!
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